Breve resumo
Elio define sucesso por suas próprias regras. Não é mais fama ou riqueza, mas a sensação de estar alinhado com seu propósito. Ele finaliza um projeto pessoal (uma pintura) e sente a gratidão do dever cumprido consigo mesmo.
O senso de liberdade que Elio experimentou lhe avivou a mente, trazendo-lhe ares mais leves e puros que o fizeram ver a importância de seguir alinhado com seu propósito. Ele deu asas à imaginação e seguiu os mandos de seu coração, pintando um quadro surrealista sobre as sensações íntimas que vinha experimentando em sua jornada de ser um ser de propósito e direção. O sentimento de bem-estar também estava alinhado com a sensação de gratidão de dever cumprido consigo mesmo.
O quadro que nascia sob suas mãos era um mapa de sua própria transformação. Nas cores vibrantes e nas formas fluidas, ele via ecos de todos os seus capítulos. O fundo escuro e texturizado era a escuridão da qual emergira, aquele sussurro interior inicial que mais parecia uma ameaça. As figuras que se entrelaçavam, parte humanas, parte abstratas, eram suas fantasias devidamente integradas, não mais como fugas, mas como expressões legítimas de seu mundo interior. Havia uma sombra ali, sim, mas não mais assustadora – era uma presença solene, uma raiz profunda que dava peso e contraste à composição, lembrando a semente da dúvida que tudo iniciara.
Cada pincelada era um ato de liberdade. Não havia regras, não havia crítico interno sussurrando que não era bom o suficiente. Havia apenas a verdade simples do movimento da mão, guiada por uma intuição que ele aprendera a confiar após tanto aprender a escutar a si mesmo.
Quando a última camada de tinta secou, Elio não olhou para a obra e pensou: “Isto vai impressionar alguém?” ou “Isto tem valor de mercado?”. Essas perguntas pertenciam a um homem que ele já não era. Ele olhou e sentiu uma quietude profunda. Aquele objeto físico era a materialização de uma jornada inteiramente interna. Era a prova tangível de que ele havia enfrentado o vazio, abraçado a sombra, dado o primeiro passo e se libertado.
A gratidão que inundou seu peito não era por ter terminado. Era por ter começado. Era por cada momento de angústia que o levou a questionar, por cada livro que o desafiou, por cada segundo de silêncio que o assustou. Ele sentia um profundo dever cumprido consigo mesmo. Não um dever imposto, mas a satisfação de ter honrado a promessa mais importante: a de se investigar.
Isso era o sucesso.
Não era um troféu na prateleira, um número na conta bancária ou o aplauso de uma plateia. Era o brilho interno de saber-se íntegro. Era a sensação de que todas as peças – a lógica do programador, a curiosidade do filósofo, a emoção do artista, até mesmo os medos e as falhas – finalmente se encaixavam em um mosaico coerente e singular chamado Elio.
Ele lembrou-se de suas antigas fantasias de grandeza, do inventor genial, do ator aclamado. Sorriu. Aquele homem que tanto almejara ser lá atrás agora parecia uma figura pequena e distante. O homem que ele se tornara era infinitamente mais rico, mais complexo, mais real. Sua criação não era um dispositivo revolucionário ou uma performance memorável. Sua criação era a própria vida que ele agora tinha a coragem de viver, autenticamente.
O sucesso, ele entendia agora, não é um pico a ser escalado. É o som da respiração no presente, o alinhamento entre ação e propósito, a paz de estar em paz consigo mesmo. Era um brilho que não cegava, mas que iluminava o caminho para dentro. E naquela luz, ele se reconhecia, finalmente, completo.
Próximo Capítulo: O Encontro – Amar