Breve resumo

Ao estar em paz consigo, Elio consegue se conectar verdadeiramente com outra pessoa. Ele vê que o amor (seja romântico, fraterno ou universal) não é sobre posse, mas sobre apreciação e conexão. Ele aprende a se amar e, a partir daí, a amar os outros.

Momento único vive Elio. Em seu íntimo o amor está em alta, mas não um amor possessivo e tirano, ao contrário, trata-se de um amor intangível e suavizado por um olhar apreciativo e conectivo. Amar agora significa envolver-se em uma só entidade invisível e encarnada. Não há divisão entre alma e corpo, estão unidos de tal forma em uma comunhão especial. Amar-se primeiro antes de amar os outros. Mas não algo rígido e inflexível, mas sim algo biologicamente natural. Elio está envolto por um amor transcendental que nem parece amor.

Era um amor sem objeto específico, porque seu alvo era tudo. Elio olhava para o mundo e sentia-se não como um observador, mas como parte integrante de um tecido vibrante e contínuo. O amor que brotava em seu peito não era uma chama que consumia, mas uma luz suave que tudo iluminava, revelando a beleza intrínseca das coisas. A mulher que servia seu café, o pássaro que cantava na janela, a própria textura áspera da xícara entre seus dedos – tudo era digno de uma reverência silenciosa, uma conexão íntima e sem palavras.

Amar, ele compreendia agora, não era sobre posse ou mesmo sobre doação. Era sobre reconhecimento. Era ver no outro – seja uma pessoa, uma planta, o céu – a mesma centelha de vida que pulsava dentro dele. Era o encontro final, não com um outro, mas com o Todo do qual ele sempre fizera parte, mas apenas agora conseguia sentir.

A famosa máxima “amar a si primeiro” não havia sido uma lição aprendida em um livro, mas uma paisagem internalizada após ter percorrido todos os vales de sua própria sombra e escalado todos os picos de sua liberdade. Não era um amor narcisista, cheio de espelhos e elogios. Era um amadurecimento biológico, como uma célula que, ao atingir sua plenitude, naturalmente se harmoniza com o organismo maior. Ele se amava não porque fosse especial ou perfeito, mas simplesmente porque era. E desse “é” fundamental brotava a capacidade de estender esse mesmo verbo incontestável a tudo ao seu redor.

A comunhão de que sentia não exigia esforço. Não era um estado a ser conquistado, mas uma verdade a ser lembrada. A divisão entre alma e corpo dissolvia-se como neblina ao sol, porque ambos eram apenas expressões diferentes da mesma essência vital. Seu sucesso interno, aquele brilho de dever cumprido, era o combustível silencioso desse amor. Ele não amava para preencher uma lacuna; amava porque transbordava.

Era um amor tão transcendental que, de fato, “nem parecia amor” no sentido convencional e dramático da palavra. Não havia drama, ciúme, ânsia ou medo da perda. Havia apenas uma paz radiante e uma gratidão transbordante. Era a sensação de ter finalmente chegado em casa após uma longa viagem, e descobrir que a casa não era um lugar, mas um estado de conexão permanente com o universo.

Elio não havia encontrado o amor. Ele havia se tornado um canal para ele. E nesse estado de graça, ele entendia que o maior ato de amor era simplesmente estar presente, testemunhando a beleza fugaz e eterna da existência, em si mesmo e em tudo mais.


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